O poeta nega-se à conquista
e pela memória persistente erra:
na dor do nome afirma seu percurso;
entre palavras, não entre ilhas,
encontra os atlas codiciados
e seus portulanos, seus astrolábios
são suas móveis sensações;
à reluzente sala do butim
prefere o ouro entre o cascalho,
o mercúrio dentro da rocha,
o quetzal vivo no arvoredo,
canto que é puro esplendor;
ourives de seu desterro,
da matéria de sua pele
faz o gume de sua espada.
(Horácio Costa, fragmento de O menino e o travesseiro.)